Ao repaginar a decoração de uma sala, escolhi uma tinta cor de pêssego. Entre poucas opções, esta cor foi a que me pareceu mais confortável... e depois de alguns dias olhando para aquele tom, fui reconhecendo camadas de aconchego, familiaridade, pertencimento. Então me dei conta: na casa de minha avó paterna havia uma cobertura igual nas paredes da sala.
Desde então, acredito que uma lata de tinta comporta - e extravasa – ancestralidade, a herança que atravessa o nosso ser, e o nosso vir a ser. Para além da tinta... há tesouros ancestrais nos sabores que nos deliciam; na moda através da qual nos expressamos; no uso que fazemos dos recursos da terra e no modo como nos conectamos com nossa dimensão espiritual.